Dado o aumento do crédito vencido às microempresas que existe atualmente no sistema financeiro regulado e não regulado, é necessária a adoção de políticas prudenciais para reduzir o risco de sobreendividamento. Nesse sentido, as boas práticas recomendam a adoção de políticas antes e depois do desembolso do empréstimo.
ANTES DO DESEMBOLSO
Número de instituições financeiras com as quais o cliente trabalha
Considerando que quanto maior o número de instituições de crédito aumenta o risco de inadimplência, e que muitas Instituições de Microfinanças - IMFs concedem créditos sem avaliar a destinação do capital de giro, seria aconselhável reduzir o número máximo permitido para acesso a um empréstimo, tanto para clientes novos e antigos.
Um número prudente de entidades máximas permitidas poderia ser três (3), mesmo considerando a entidade que concede o crédito. O mesmo limite se aplicaria à soma das entidades do titular e do cônjuge.
Nível de escalação interna do cliente com a IMF
Muitas entidades não regulamentadas ainda precisam implementar essa boa e velha prática. Portanto, é comum que os clientes aumentem o valor de seu endividamento de forma desproporcional de um empréstimo para outro, aumentando o risco de inadimplência.
O correto seria definir valores de corte, que dependerão dos valores historicamente desembolsados em cada entidade.
Por exemplo, o corte pode ser de S /.2.000. Assim, temos que para valores inferiores a S /.2.000, em um segundo empréstimo poderíamos conceder até o dobro (até 100% mais); e para valores superiores a S /. 2.000, em um segundo empréstimo poderíamos conceder até 50% a mais.
Nível de escalação do cliente no sistema financeiro.
Consiste em levar em consideração o endividamento total do cliente no sistema financeiro e estabelecer um limite máximo para o empréstimo, em relação a esse total.
Por exemplo, para emprestar até 50% do total devido no sistema, de acordo com o último relatório da Central de Risco.
O índice de dívida patrimonial. O índice deve considerar o impacto da nova dívida a ser concedida. Um erro comum é considerar um índice padrão para todas as atividades econômicas, sem considerar que existem diferenças entre cada uma delas.
Minha sugestão é definir os índices de endividamento por atividade econômica.
O Limite Quota Ratio ou Free Quota Ratio
Um grave equívoco é considerar esse índice como fator determinante para a concessão de empréstimos para capital de giro, quando deveria ser utilizado apenas para avaliar a capacidade de pagamento de empréstimos com destino a imobilizado.
É aconselhável definir índices máximos por faixa de crédito.
Taxa de empréstimo para capital de giro
A forma correta de mensurar o valor máximo a ser emprestado para capital de giro é relacionando o Empréstimo para Capital de Giro ao Ativo Circulante, com Limite de 1,5 vezes o Capital de Giro Líquido (leia artigo: http://elanalista.com/ ? q = nó / 230).
Amortização mínima.
O saudável seria o cliente cancelar todo o crédito, antes de conceder um novo. No entanto, é prática comum no Sistema Financeiro renovar e estender o crédito antes de seu cancelamento. Uns renovam o crédito para pagamento de 50% do capital ou prestações pactuadas, outros a 30% e os mais arriscados, não têm em consideração nenhum critério.
Minha sugestão é ser conservador e considerar a amortização máxima possível, a fim de saber a real capacidade de pagamento do cliente, bem como a capacidade moral.
Mais de um afirmará que a adoção dessas políticas afetará os negócios, o que é possível se continuarmos trabalhando com o mesmo universo de clientes, quando é aconselhável buscar novos mercados com clientes sem conta bancária, e não continuar trabalhando com mesma base de clientes, aumentando o crédito ao aumentar o saldo médio do crédito.
APÓS O DESEMBOLSO
O seguinte é recomendado:
Elaboração de Relatórios Trimestrais de Superendividamento, divididos em 07 (sete) partes:
- Índice de Qualidade da Carteira. Nível de escalonamento interno do cliente com a IMF. Nível de escalonamento do cliente no sistema financeiro. Endividamento Patrimonial. Quota Limit Ratio. Análise da Carteira Superendividada. Acompanhamento de campanhas de crédito
Para avaliar o cumprimento e eficácia das políticas implementadas.
Implementação de sinais de alerta precoce
Que são uma série de indicadores, que têm por objetivo informar sobre o possível risco de sobreendividamento da carteira, para que sejam tomadas as respetivas medidas de controlo.
Entre as medidas de controle estão as visitas a clientes considerados sobreendividados, a cargo da Unidade de Risco em coordenação com a equipe do negócio. Essas visitas serão realizadas a fim de tomar ações corretivas ou melhorias, conforme o caso.
Uma recomendação final é para as Cooperativas de Crédito que, embora não sejam obrigadas a implementar regras obrigatórias para as entidades supervisionadas, devem fazê-lo como medida prudencial contra o risco de sobreendividamento.