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Não vamos matar as árvores. vamos evitar catástrofes ecológicas

Anonim

Algumas noites atrás, eu estava assistindo a um desses programas de reforma e decoração de casas com minha esposa. Eu estava meio sonolento quando de repente fui surpreendido por um armazém cheio de toras. Obviamente, não era a primeira vez que ele via algo assim. A diferença era o tamanho do local e o volumoso "inventário" que o reality show exibia.

O imenso sítio estava cheio de árvores mortas, aquelas que demos a chamar de troncos depois de cortá-las e passá-las por processadores que em segundos mutilam seus braços vegetais, aqueles que batizamos de galhos, e se livram de seus pequenos órgãos respiratórios, aos quais alguém um uma vez deu-lhes folhas pelo nome.As árvores são seres indefesos porque não podem correr, voar ou nadar como qualquer inseto com cabelo, penas ou escamas. A árvore é a presa mais fácil de nossa espécie. Não porque não possamos caçar uma baleia azul, a maior e mais pesada representante do reino animal. Com nossa engenhosidade, armas e munições, não há presa que nos escapa, por maior, rápida ou feroz que seja. Com um tiro de rifle podemos abater um rinoceronte temível e blindado para extrair seu chifre e com outro tiro um elefante enorme e gentil para nos fazer suas presas. É uma guerra assimétrica, muito desigual aquela que travamos sem trégua e mal "ganhando" as outras espécies, nossas vizinhas da biodiversidade com quem dividimos este condomínio azul chamado Terra.

Enquanto a vendedora explicava à decoradora, sua cliente habitual, os diferentes tipos de madeira disponíveis, observava-se nas costas a dinâmica e os volumes que eram manuseados no local. Você podia ver caminhões e caminhões chegando transbordando com sua carga preciosa. Bem mais atrás, uma pesada locomotiva puxava dezenas de vagões, também carregados com centenas de toras recém-cortadas, que em minutos se juntariam às existentes, depositadas em um aterro tão enorme que não podiam ser cobertas com um único olhar. Sem exagero, haveria nada menos que 50 ou 100 mil árvores mortas, esperando para serem fatiadas como pães, o que teria deixado para trás cerca de dois milhões de metros quadrados de florestas desmatadas.

–Existem castanhos claros, vermelhos escuros, dourados e até pretos –recendeu a vendedora, com um terminal de encomenda na mão que parecia que nem os nomes das belas espécies de árvores que conhecia, nem se importava em saber, pois tudo era tratado por por meio de códigos inteligentes.

Se pudéssemos entrar no ser de uma árvore, nos esconder atrás de sua espessa casca, tornar-se sua polpa, no próprio tronco ou na própria madeira, tremeríamos ao ver um Homo sapiens se aproximar com uma serra elétrica na mão. Se nossas raízes permitissem, correríamos com o barulho estrondoso de uma escavadeira operada por humanos. Choraríamos quando víssemos nossos pais vegetais e irmãos sucumbirem e desabarem no chão após os golpes de machados de homens. Gritaríamos quando sentíamos os dentes da serra mordendo nosso corpo, gritos e gritos que reverberavam por toda a floresta ou floresta tropical.

Matar árvore é crime, ainda mais agora neste século 21, depois que a catástrofe de Bornéu é um fato consumado, perpetrado nas últimas três décadas do século passado, na terceira maior ilha do mundo. Os eventos em Bornéu ocorreram sob o domínio de um militar corrupto, que tomou o poder com a cooperação de seus generais mais próximos. Para ganhar sua lealdade, ele lhes deu concessões para desmatar grandes parcelas da selva úmida até que fosse desmatado 2/3. Os países destinatários e as empresas envolvidas também compartilham a responsabilidade pelo ocorrido, não só contra a vegetação, mas também contra espécies animais que perderam seus habitats e viram suas populações declinar, algumas até o nível de extinção.bem como contra a própria humanidade, que viu desaparecer um dos pulmões de plantas mais importantes do planeta.

Tamanha foi a magnitude do ecocídio que Bornéu se tornou, nas décadas de 1980 e 1990, o maior exportador de madeira do mundo, acima mesmo da Amazônia e da África juntas. Desse modo, as belas e variadas toras de Bornéu acabaram se transformando em casas de madeira, piso de parquete, móveis, papel, prendedores de roupa e outros artefatos.

Com sua ação, os responsáveis ​​não apenas mudaram a paisagem e anularam enormes ecossistemas, mas também quebraram o ciclo natural da selva e ativaram uma mudança climática local que repercutiu além de suas fronteiras. Acredita-se que seus efeitos possam ter atingido a longínqua Austrália e o Chile, onde ocorreram os maiores incêndios florestais de sua história.

Alguns cientistas afirmam que o que aconteceu em Bornéu é a maior e mais rápida catástrofe ecológica provocada pelo homem na história da humanidade. O desmatamento em grande escala deve ser considerado um biocida. O esgotamento de uma floresta deve ser julgado e punido como um crime contra a biodiversidade. O que aconteceu em Bornéu é irreversível a curto e médio prazo. Mas seu exemplo deve servir para que esses eventos não se repitam em outras selvas e florestas do mundo, como a Amazônia. Mas, infelizmente, chegam notícias da floresta tropical sul-americana, indicando que no grande pulmão do mundo o desmatamento já atinge dimensões importantes.

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